Ísis, a Grande Mãe, senhora dos 10.000 nomes, surgiu repentinamente, no delta do Nilo, no Egito. Dentro das diversas representações mitológicas e sincretismos, Ísis muitas vezes foi comparada a Ganga, aquela que governa Ganges, pois governa o Nilo; Tara, a Grande Mãe, deusa da Terra, pois as duas tem representações carregando a flor de Lótus; Kuan Yin que também compartilha dos seus aspectos luminosos e são grandes protetoras das crianças e das mulheres.
Deméter e Perséfone, como a Mãe que procura e que desce ao inferno e além, para buscar o ente amado. Afrodite e Vênus, assim como Ísis, compartilhando o amor por seus companheiros e olhando com compaixão para as fraquezas das emoções humanas, abrindo os caminhos pelo mar (que representa essas emoções). Diana ou Ártemis, como Ísis, divindades lunares, autoconfiantes, auto-suficientes. E Hécate e Ísis são chamadas para abençoar os partos, e cuidam das medicinas ancestrais como o uso das ervas medicinais nos processos de cura.
Como uma flor que não é plantada – mas trazida pelo tubo estrelar desde Sírius, a estrela mais brilhante do céu – Ísis surgiu primeiro como única. Sem pais, consorte ou filhos. Depois, vieram outras histórias: teria sido filha de Nut, deusa do céu, e Geb, deus da Terra. Irmã gêmea de Osiris e, depois, sua consorte. Seria, também, irmã do casal gêmeo Set e Néftis (Aliás, acreditava-se que estes casais divinos eram trazidos à Terra para espelhar aspectos humanos a serem reconhecidos e trabalhados por nós: o bem e o mal, a luz e a escuridão, o silêncio e o som). Como Lilith, a mulher selvagem, elas são o Sol e a Lua, a luz e sombra. E nos ajudam a trabalhar dentro da força e do amor feminino.
Ísis: senhora da Lua, mãe do Sol
Dedicamos o dia 5 de março à Ísis, considerada senhora da Lua, mãe do Sol, rainha da Terra e das estrelas. Doadora da vida e protetora dos mortos. Isso porque, em Roma, desde o reinado de César, celebrava-se o dia em que Ísis abriu o mar para navegação depois do inverno, oferecendo sua benção para proteger a todos. Mas as histórias sobre Ísis remontam a muito tempo antes dos romanos.
Dentro da mitologia egípcia, Ísis é o começo e o fim. Ela é a grande guia detentora dos mais altos valores do ser humano. Ela ressuscita o marido Osíris graças à sua determinação, e vai buscar todas as partes do corpo do marido ao longo do Nilo e, então, remontá-lo para depois fazer seu ritual fúnebre. Ísis produz e protege seu próprio filho Horus. Assim como ela ajuda seu marido a encontrar a paz após a morte, ela é responsável por ajudar os que partem para entrarem no pós-vida.
Poder superior a todos os outros deuses
Ísis e Osíris foram as divindades mais veneradas dentro do panteão egípcio durante o terceiro período intermediário daquela civilização. O poder mágico atribuído à Ísis era maior que o dos outros deuses.
A ela era dada a governança dos céus, o mundo natural e o destino dos seres humanos. Muitos faraós a seguiam como uma grande guia. Construíram templos em seu nome e fizeram seus rituais e meditações seguindo caminhos mais amorosos, pois se sentiam amados por ela.
E, quando a Europa invadiu o Egito, muitos reis e imperadores se apaixonaram por suas histórias e levaram consigo seus rituais para seus reinos. Muitos construíram templos em seu nome. Mas, depois, igrejas católicas e algumas mesquitas tomaram esses templos, pois a força que emana deles é potente – afinal, lá Ísis está. Quando o patriarcado tomou conta dos assuntos religiosos usurpando das mulheres também esse lugar, o mundo mudou. E entramos numa era de competição, escravização, ódio, medo e o desequilíbrio com a natureza.
Ísis é uma divindade cósmica
Mas Ísis não é somente um arquétipo egípcio. Ela é uma divindade que rege o feminino sagrado. É o farol de muitos de nós, sussurrando e guiando amorosamente pessoas de almas femininas para que possamos cumprir nossas missões na terra.
Para nós, mulheres e homens que a seguem, não nos importam as histórias que a cercam. Pois Ísis é uma Divindade Cósmica e está em todos os lugares. Se pudermos bradar alto e em bom tom, Deus é Feminino. É a Deusa, a Grande Mãe, que cria, e cuida de todos com amor. Não há castigo: somente observa e nos entrega as reações das nossas ações. Ísis nos ensina dentro da sua benevolência a sermos bons e a cultivarmos a nossa bondade.
Ela nos protege e nos ensina a autoproteção, e nos dá sabedoria para vivermos em paz com aquilo que se apresenta. Ísis nos une a outros seres para que possamos interiorizar e aceitar as diferenças, desde que não sejam prejudiciais e que não nos tirem do caminho do amor. Ela nos transforma e nos apresenta a nossa célula divina. Ela é a denominação das forças que criaram e ainda criam o Universo. E essa referência está muito além de nossa pequena e limitada compreensão.
O chamado de Ísis a cada um de nós
Ísis nos instiga a buscar e nos apropriar da nossa própria divindade. Assim, reconheceremos a dela. Ela nos aceita como somos e nos ajuda a transformar as emoções que nos prendem à baixa humanidade que insiste em nos aprisionar numa normatividade. Ela perdoa porque sabe o que é uma condenação. Ensina-nos a amar incondicionalmente, seja nos papéis de mães, irmãs, amantes. Traz conceitos e domínios das artes, medicina, magia, beleza, verdade, lealdade – e até da guerra, se assim for necessário. Ísis nos ama e, ao contemplá-la, reconhecemos a paz através deste amor.
A Grande Mãe nos convida ao equilíbrio das nossas emoções e paixões. Ela nos guia do ponto em que estamos dentro da nossa evolução humana para irmos mais e além dentro dos mais sagrados sentimentos: o amor.
A melhor sincronicidade deste dia 5, no qual celebramos Ísis, é o Dia Mundial da Oração, celebrado em muitos países. Na data, honrando a sabedoria ancestral, com pedidos de harmonia e paz entre todos os povos.
Alinhamento com a deusa no dia a dia
Tudo é sagrado para Ísis. Então, tudo que nos permeia deve ser considerado sagrado. Este é o primeiro passo para se conectar com a Grande Mãe seu próprio ritual. Por isso, devemos considerar como sagrados tudo aquilo que fazemos: desde ao acordar até a hora de dormir, ao tomar banho e se vestir, até o trabalhar, o estudar, o se alimentar.
Assim, agradeça por estar vivo. Por ter um coração que bate em seu peito e por tudo o que possui. Seja grato até nos momentos difíceis ou de aprendizados, e agradeça com amor, pois assim você se conecta com a força de Ísis. Então, pare alguns minutos por dia e agradeça. Você pode aproveitar para chamá-la e dizer que a quer por perto, pois reconhece seu amor criador dentro de si. Há um mantra simples, que é o próprio nome dela, repetidos muitas vezes, no qual encontramos a nossa própria melodia para entoá-lo, deixando somente o nome dela ecoar até silenciarmos a nossa mente.
O que é ser sacerdotisa de Ísis na Terra
Como sacerdotisa de Ísis, digo que é levar nosso ofício de amor e de cura, dentro dos preceitos de Ísis que é o pelo bem, para o bem e para todos. Não estamos separados dela, estamos em unidade com ela. Então, devemos dedicar todas as nossas ações à Grande Mãe, independentemente do seu ofício neste mundo. Quando falamos de Buda e dos seus ensinamentos, quando falamos de Jesus e seus ensinamentos e todos os grandes mestres, estamos falando de assimilar e de nos fundirmos a eles, e deixarmos que seus ensinamentos nos guiem em todos os momentos de nossas vidas. Este é o caminho.
Quando falamos de Ísis, uma sacerdotisa tem o dever de aprimorar seus pensamentos, sentimentos e ações para que possa exalar as qualidades que ela nos deixou como verdades. Fazer o bem, seguir a vida com contentamento e procurar fazer com que todos se sintam felizes e amados é trazer a cura para todos os males. Assim, podemos inspirar outras pessoas a seguirem o caminho do amor.