A palavra “plástico” vem do grego plastikos, que significa “próprio para ser moldado ou modelado”. Desde a década de 1950, quando o material passou a ser popularizado no Brasil em todo tipo de indústria, e, ele tomou conta do nosso cotidiano. Evitar o plástico parece ter sido tarefa impossível.
E, hoje, esse material protagoniza uma grave crise ambiental. Cada brasileiro produz 1 kg de lixo plástico por semana, segundo um relatório publicado pelo WWF. Pense em toda a população e temos um número mais alarmante: um País que produz 11.355.220 milhões de toneladas de lixo plástico por ano. “Ah, mas dá para reciclar”. Mas nem sempre é o que acontece e nem todo plástico é visto como interessante para a reciclagem, daí, não há alternativa. Surpreendentemente, apenas 145.043 toneladas desse tipo de resíduo são recicladas.
Por isso, é urgente rever o consumo do plástico antes, durante e depois. Reduzir e Recusar, dois Rs importantes da sustentabilidade, são essenciais. Adicione criatividade e temos, sim, muitas formas de evitar o plástico no dia a dia. Veja como:
Cozinha e compras de alimentação
Trocar produtos embalados pela opção a granel reduz boa parte do lixo plástico gerado em casa. Na próxima compra de farinhas, grãos e sementes, leve saquinhos de pano ou potinhos que você já tenha em casa; dessa forma, vários saquinhos serão poupados. Explique sua intenção ao estabelecimento. Frutas e hortaliças estão cada vez mais embaladas no supermercado. Vá à feira!
Ao finalizar as compras, recuse as sacolas plásticas – mesmo as biodegradáveis. Tenha com você uma ecobag, ou algumas delas para compras maiores. Caso esqueça, antes de sucumbir à sacolinha do supermercado, é provável que você consiga uma caixa de papelão no estabelecimento.
Vamos até a pia: por ali há um item que se torna lixo com frequência: a esponja de lavar louças. Basta trocar pela bucha vegetal, por exemplo: ela vem da natureza, é 100% biodegradável, facilmente encontrada e tem preço acessível.
Reduza seu lixo de maneira geral (ter uma composteira ajuda, e aqui você aprende a fazer a sua) e procure trocar por versões de papel ou biodegradáveis. A esta altura você já visualizou o seu balde com um saco preto que embalada seu lixo doméstico, certo?

Banheiro e beleza
Há quem goste de usar saquinhos plásticos no cesto do banheiro, mas podemos substituir por alternativas mais ecológicas: adotar sacos de papel (tipo saco de pão!), ou pesquisar tutoriais de dobradura que transformam jornal em saquinho. Em último caso, há os sacos biodegradáveis. Dá para evitar o plástico fácil, fácil.
Troque a sua escova de dentes por versões com cabinhos de bambu. Se seguirmos a recomendação dos dentistas e fabricantes – endossada pela Associação Dental dos Estados Unidos –, trocamos de escova a cada três meses, o que gera um resultado de ao menos quatro unidades por ano.
E tem um item que parece inofensivo, mas é um violãozinho, viu! É o cotonete, que ocupa a terceira posição em volume de lixo plástico não biodegradável no oceano. Dá para dispensar o uso dele ou, quem não vive sem, pode buscar versões com haste de papel.
Agora, olhe com cuidado para os seus produtos de beleza. Embalagens de plástico são quase inevitáveis (procure por marcas orgânicas, que costumam usar plástico reciclado ou versões vegetais, como a de cana), mas o invisível também é tão nocivo quanto. Leia os rótulos e procure por polietileno que significa que, ali dentro, há microesferas de plástico. Bolinhas tão minúsculas que, uma vez que não passam pelo tratamento de água, ficam acumuladas no oceano causando problemas para a vida marinha e todo o planeta.
Higiene íntima
Estima-se que a mulher faz uso de cerca de dez mil absorventes convencionais da puberdade até a menopausa. No entanto, no Brasil não existe reciclagem para esse tipo de resíduo, então esses absorventes acabam indo parar aterros sanitários. Hoje temos absorventes de pano modernos, reutilizáveis, que podem ser usados no dia a dia no esquema sujou-lavou, feito uma peça íntima. E há também as calcinhas menstruais com tecido tecnológico, absorvente e bem seguro. Por fim, outra opção que tem se popularizado é o coletor menstrual, um copinho feito de silicone cirúrgico, em que a mulher introduz internamente e, a cada tempo, esvazia, lava e insere de novo. A recomendação é usar um copinho por, em média, cinco anos. Neste tempo, dezenas de ciclos e um total de zero resíduos.
Na rua, viagens e afins
Se você quer ser um entusiasta do movimento plástico-zero, previna-se. Isso inclui até montar um kit para sair de casa e deixar na bolsa ou no carro. Os essenciais: ecobags (para recusar sacolas), talheres (os que você tem ou os de bambu), canudo (no caso de uma água de coco, já que boa parte das bebidas pode ser ingerida no copo mesmo, convenhamos), copinho retrátil (para evitar copos de plástico, tão comuns em eventos sociais). E uma habilidade nata para praticar um dos principais Rs da sustentabilidade: recusar. Oferecem sacolinha? Recuse. Uma experimentação de petisco com garfinhos de plástico? Recuse. Aos poucos, tudo se torna cada vez mais natural e você vai se espantar com a redução do uso de plástico no dia a dia. ▲